Destaques


Confira a tradução da entrevista para a AltWire, onde Amy fala sobre o futuro do Evanescence e sobre seu novo trabalho infantil, o álbum Dream Too Much:

Uma das maiores revelações do começo dos anos 2000, a banda de rock Evanescence explodiu na cena com o enorme sucesso de “Bring Me To Life”. Estimulado pela inclusão na trilha sonora do filme “Demolidor”, e pela constante rotação na MTV e em rádios de rock, a estreia de sucesso continuou e se tornou sete vezes platina nos Estados Unidos, vendendo 17 milhões de cópias ao redor do mundo, empurrando a banda (e sua altamente talentosa vocalista) ao estrelato. 
A banda passou por muitas mudanças na formação nos oito anos seguintes (com a vocalista Amy Lee agora sendo a única membro original restante), tudo enquanto lançaram um DVD ao vivo e dois fantásticos álbuns – The Open Door, de 2006, e Evanescence, de 2011 – antes de entrar em um hiato no final de 2012. Durante esse período, a vocalista Amy Lee compôs a trilha sonora para o filme “Aftermath” e teve dois lançamentos solo, um EP de covers chamado “Recover, Vol. 1” e um álbum infantil intitulado “Dream Too Much”. Agora, às vésperas da primeira turnê nos EUA depois de quatro anos, o Evanescence está prestes a lançar um box de vinil chamado “Ultimate Collection”, contando com todos os álbuns de estúdio, uma coleção de faixas raras chamada “Lost Whispers”, e pela primeira vez…uma reedição de “Origin”, o antecessor de Fallen, originalmente gravado e vendido em 2000. Nós recentemente tivemos a oportunidade de conversar com a Amy sobre o futuro do Evanescence, seu recém-lançado álbum Dream Too Much, e alguns outros tópicos.

AW: Você está prestes a lançar um box de vinil contendo todas as músicas que já lançou, incluindo o álbum gravado antes do lançamento de Fallen. Você já foi vista dizendo que “odiava e queimou” suas músicas primárias. O que te influenciou a finalmente relança-las depois de todo esse tempo? Quando você se tornou confortável em reeditar essas canções?

Amy Lee: Eu acho que parte disso é apenas ter tempo o suficiente e um espaço entre o ‘eu de agora’ e o ‘eu de antes’. Hoje eu não estou preocupada se alguém vai ficar confuso ou que isso vá me definir, se é que isso faz sentido? Me perguntaram se ‘nós queríamos ou não’ quando começamos com essa coisa de box de vinil, e minha vontade inicial foi de dizer ‘Não! De jeito nenhum, nunca vou lançar isso!’ Mas depois eu pensei, ‘Sabe de uma coisa? Como fã…eu entendo a razão disso ser legal’. E eu voltei atrás e dei uma escutada, e eu ainda estava fazendo cara feia, mas consegui ver a beleza nisso, sabe? O comecinho daquilo que eventualmente se tornou o Evanescence, e eu, e quem eu sou hoje. Então eu não sei, eu acho que crescer um pouco e ter me distanciado…eu acho que é realmente legal se eu puder sair de mim mesma e do meu perfeccionismo um pouquinho e ouvir essas coisas como fã. Como fã eu quero isso, sabe? E eu quero dar isso aos nossos fãs. Existem muitos pedidos por aí e eu quero fazê-los felizes. Então, que se dane! É só vinil! [Risos]

AW: Para o lançamento desse box você regravou uma canção anterior ao Fallen, “Even in Death”. Como foi revisitar uma faixa tão antiga depois de todo esse tempo? Pra você, hoje, ela tem o mesmo significado emocional que tinha naquela época? Nós podemos ver mais faixas antigas ganhando esse tratamento no futuro?

AL: [respondendo à última parte da questão] Eu não sei sobre essa parte, mas gravar essa canção foi uma experiência muito satisfatória. Primeiro de tudo, eu tinha acabado de escutar o ‘Origin’ por completo pela primeira vez depois de muitos anos, e eu estava meio que procurando por algo. Porquê todos os nossos álbuns têm b-sides, existem canções que não passaram na triagem. Tem um disco inteiro de b-sides por isso. Mas não tinha nada do ‘Origin’ porque, sabe, são nossos primeiros registros, e eu não queria colocar uma demo estranha e velha ali. Eu queria que tivesse o mínimo nível de qualidade [risos]! Então eu escutei o álbum e pensei, ‘Sabe de uma coisa? Será que tem algo aqui que talvez possa se sustentar o suficiente para eu me emocionar e regravar?’ ‘Even in Death’ foi essa canção para mim. Eu acho que a produção da versão antiga foi realmente ‘pequena’ – tipo bem crua e clichê, porque nós éramos meio que crianças! Éramos crianças apenas aprendendo e tentando experimentar e achar jeitos de transmitirmos a emoção que estávamos tentando expressar, e era tudo muito dramático. Mas ser capaz de escutar através da produção, e ir para dentro do coração da canção em si e da letra…eu ainda a amo, sabe? Então eu apenas a refiz de um novo jeito, e a tratei com o mesmo sentimento e a mesma emoção e habilidade que eu tenho agora, e fiz o mesmo tratamento que eu daria para qualquer canção nova. E isso foi ótimo porque eu só tive aquela velha versão durante muitos anos. Eu nem sei quanto tempo, ao certo. Estamos em em 2016…então são uns vinte anos, mais ou menos, e isso é algo bem louco de se dizer. Na verdade, isso é o quão velha a canção é. Essa música tem 20 anos! Então, ser capaz de pegá-la 20 anos depois e criar uma nova versão é algo que eu realmente amo, e eu não estou apenas compartilhando todos os erros – eu não deveria dizer erros – todas as imperfeições e as coisas que eu gostaria de mudar…bem, eu mudei! Para mim, a canção foi redimida e pode ser nova de novo, eu a amo de novo. Estou muito animada em compartilhá-la, com certeza.

AW: Com a adição de Jen Majura na formação, isso traz um novo elemento animador ao Evanescence, já que, antes, você era a única garota na banda (se não contarmos as suas irmãs nos backing vocals). Embora seja cedo demais para dizer a essa altura, como você sente que a entrada da Jen vai impactar o som do Evanescence daqui pra frente?

AL: É interessante dizer isso porque nós ainda não escrevemos nenhum material novo como um grupo. É difícil colocar em palavras, mas em relação aos shows ao vivo, quando você toca ao vivo tem um ‘som’. E dependendo da formação, as músicas que você toca, tudo isso, cada música ao vivo tem sua própria ‘vida’ cada vez que você a toca. Nós fizemos alguns shows ao vivo juntas e eu amo o modo como soamos, de verdade. A Jen tem seu próprio som e é difícil definir ou dizer o quanto é diferente, mas ela é realmente talentosa. Ela vem de muitas inspirações que são diretamente do ‘rock’, nós compartilhamos e conversamos sobre o amor pelo Aerosmith, esse tipo de coisa. Então tem uma influência bem sólida do rock and roll ali, mas ela também curte bastante o metal mais clássico e suave, e eu acho que isso é importante quando se é um guitarrista do Evanescence, ou um baterista. É bom ter essa base para que possamos dar um passinho pro lado de vez em quando. Ela é o pacote completo, e desculpa se eu estiver enrolando, mas é que estou pensando como descrever melhor como será diferente. Em relação ao som eu ainda não sei ao certo, mas posso te dizer que a vibração quando estamos todos juntos é realmente divertida e positiva. Eu acho que nosso ‘sentimento’ no palco mudou. Ela traz muita positividade e é uma garota com um espírito feliz e motivado! Ela sorri muito. Sorrir no palco, dá pra imaginar? É maravilhoso! Uma coisa que é literalmente diferente ao vivo é que ela canta os backing vocals. É a primeira vez que somos capazes de fazer backing vocals ao vivo em um show do Evanescence. Isso tem sido bem divertido e animador, ser capaz de fazer coisas sob os holofotes assim.

AW: Dado que a sua música normalmente tem sido conhecida por ser algo profundamente pessoal, emocional e bem revelador, o quão estranho foi, pra você, entrar em uma vibe tão diferente de gama de emoções para ‘Dream Too Much’? Você acha mais fácil compor músicas assim, ou as músicas do Evanescence surgem de forma mais natural?

AL: Eu acho mais fácil compor música infantil sim, pra ser honesta. Porque tudo se trata de ganchos e repetições. Ms parte do que eu queria fazer com isso é evitar que fosse somente ganchos e repetições. Eu queria criar algo que inspirasse a imaginação das crianças e talvez que as ensinasse algo. Então nós definitivamente levamos tudo isso a níveis mais profundos do que a maioria dos níveis ‘superficiais’, se é que isso faz sentido. Em ‘Little Bird’ a gente canta sobre pássaros diferentes e especificamente falamos sobre diferentes espécies, e nós realmente usamos os barulhinhos dos pássaros de verdade [risos]. As crianças amam aprender, é divertido! O Jack realmente se ilumina quando aprende algo. Ele ama aprender, e eu acho que é assim que as crianças funcionam. Elas estão aprendendo o tempo todo, especialmente nessa idade tão jovem. Foi inspirador, para mim, assisti-lo aproveitar tudo isso, e nós tentamos incorporar coisas que estimulariam a mente enquanto estávamos criando as músicas. Não foi a coisa mais simples, mas criar uma sessão complexa de 200 trilhas no Pro Tools pro Evanescence é algo definitivamente mais trabalhoso.

AW: Como você acha que o nascimento do seu filho mudou a forma como você vê a vida? Comparando seu modo de pensar com seu álbum auto-intitulado de 2011, onde você diria que está agora mentalmente?

AL: Colocar as coisas em perspectiva realmente me ajuda. Eu fico sobrecarregada às vezes. Às vezes parece que as coisas foram mudadas, é o fim do mundo. Ou se alguma coisa dá errado em um projeto, ou as coisas não acontecem do jeito que foi planejado, tem muita pressão e já houveram várias, várias vezes, com certeza, durante cada ciclo de álbum, que eu fiquei sobrecarregada. Agora que existe algo na minha vida que é muito mais importante do que a minha carreira, eu não fico sobrecarregada da mesma forma. Eu não sinto que meu mundo inteiro está desmoronando, mesmo que meu álbum esteja desmoronando – não que eu tenha um álbum desmoronando agora, nesse exato minuto – mas, sabe, existe um ponto como esse o tempo todo. Para cada coisa que você ouvir de mim, eu fiz dez outras coisas que você não ouviu. Então…[risos] existe muito desapontamento! Você só tem que seguir em frente! Aquela música não entrou no filme; ok, bem…faça outra música! E está tudo bem. Faz parte, faz parte do processo. Eu acho que ter tido o Jack fez as coisas ficarem menos assustadoras pra mim. Eu tenho mais confiança e um coração um pouco mais leve em termos do que vai me matar e do que eu consigo lidar. Tudo se trata mais sobre ele; ele está mais no centro do meu foco o tempo todo e isso me deixa muito feliz. Eu sei que, desde que tudo esteja certo comigo e com ele, todo o resto é menos importante, então fica tudo bem.

AW: ‘Dream Too Much’ foi criado como um presente para o seu pai. Tendo crescido em uma família de música, como você descreveria a influência da sua família em você nesse quesito? Qual o papel que eles tiveram em te moldar para ser quem você é hoje?

AL: Isso é tão doce! Que ótima pergunta! Meu pai era meu herói quando eu era criança – ele ainda é. Musicalmente, meu pai era apenas um desses caras que conseguem pegar qualquer instrumento, trabalhar nele por um tempinho e ser capaz de tocá-lo. E eu não acho que eu sou assim também, mas é nisso que eu me inspiro ser. Meu pai toca bateria, guitarra, ukulele. Nós nos mudamos para o Arkansas quando eu tinha 13 anos e O Brother Where Art Thou surgiu e ele decidiu, ‘oh, legal, quero tocar banjo agora!’. Ele realmente ficou inspirado e ensaiou de 2 a 3 horas por dia durante um ano e se tornou esse ótimo tocador de bajo – apenas por diversão! Sem nenhuma razão, não porque ele estava em uma banda, mas só porque ele ama música. Isso foi uma grande inspiração pra mim. Ele foi uma grande influência para mim e é uma grande influência nesse álbum de uma forma muito tangível. Tipo, ‘Goodnight My Love’ foi a minha canção de ninar enquanto eu crescia – minha e dos meus irmãos. ‘Rubber Ducky’ foi uma canção tocada para nós um milhão de vezes, normalmente na voz do Ernie [risos], mas fiz ele desistir da voz do Ernie dessa vez. E as outras canções foram inspiradas pelo Jack porque as crianças têm seu próprio mundo às vezes, mas já que meu pai e meus irmãos também eram parte disso, eu realmente quis manter tudo dentro das raízes da minha família. Como soamos (só que melhor) quando estamos tocando música juntos. Meus pais me colocaram em aulas de piano e me encorajaram a entrar numa banda e ser musicista, mesmo quando eu, adolescente, fazia música que os perturbavam um pouquinho, eles sempre me levavam para a pizzaria para eu fazer um show esquisito no meio do dia e para me apoiarem da melhor forma que conseguiam, e eu os amo por isso.

AW: Esse é o começo do retorno do Evanescence. Vocês vão entrar em uma turnê pelos EUA pela primeira vez em anos. Embora você não tenha comentado publicamente sobre um novo álbum estar encaminhado, quais são as coisas que os fãs podem esperar durante essa turnê e pelo próximo ano? Vocês já começaram a trabalhar nas primeiras etapas de algumas músicas novas?

AL: Eu não quero entregar nada, porque o negócio é o seguinte: estamos na fase onde normalmente passamos um ou dois meses nos preparando para a turnê, conversando sobre a setlist, reunindo ideias, perguntando aos fãs na internet o que eles gostariam de ouvir e misturando tudo isso com os nossos próprios desejos do que gostaríamos de tocar e do que sabemos que funciona bem ao vivo e o que não funcionou no passado. Nós pegamos todas essas canções e começamos a montar o planejamento da setlist, e depois ensaiamos sozinhos. Teremos uma semana para ensaiar no começo da turnê e acertar tudo isso. Ver o que funciona quando nos juntamos e o que não dá certo, então, a essa altura, eu não sei exatamente o que vamos acabar tocando. Porque nós meio que construímos uma setlist bem maior do que a que tocamos de verdade. Vamos ensaiar as coisas, tirar as canções mais fracas e jogar pra dentro algo que não achávamos que íamos tocar, sabe? Essas coisas que acontecem em ensaios. Então, nosso objetivo sempre é: quando você faz shows e não tem um álbum novo sobre o qual você está em turnê ao mesmo tempo, você tem que encontrar modos de deixar tudo bem interessante. Porque nós temos vários fãs bem fiéis, maravilhosos e antigos que vão a todos os shows. Então eu não quero fazer as mesmas canções, não quero fazer a mesma setlist que tocamos há alguns meses, ou em outubro do ano passado. Tem que haver algo diferente de alguma forma. Então com toda essa coisa de box de vinil e as visitas ao passado, vamos voltar ao cofre e procurar por canções que não tocamos há algum tempo, ou que nunca tocamos antes, e ver como podemos apimentar a setlist com algumas coisas que deixarão os fãs felizes. Sem ser muito específica, vamos ver onde isso nos leva.

AW:  Isso é ótimo! Bem, obrigado por reservar um tempinho para conversar com a gente. Eu sei que você tem uma agenda cheia hoje, então…

AL:[interrompendo] isso é todo dia, cara! Agora que eu tenho um filho é trabalho, trabalho, trabalho, e mais tarde é um tipo diferente de trabalho, trabalho, trabalho [risos]. Levanto super cedo, vou dormir super tarde. Ainda tenho tempo de peneirar meu sótão, porque eu não tenho nada para usar para a turnê! Eu percebi há três semanas que eu normalmente desenho uma ou duas roupas, e estou trabalhando nisso com um amigo, mas está chegando a hora e eu estou tipo, ‘tá, eu preciso ajeitar esses figurinos!’. Normalmente eu faço tudo com antecedência, e eu andei dando uma olhada em todas as coisas antigas que eu guardei desde o começo, e é bem divertido fazer isso! Fico muito feliz de ter guardado tantas coisas legais. Então, sim, tarde da noite, depois que o bebê foi dormir e eu terminei tudo, eu fico cavucando meus armários e tentando ajeitar figurinos antes de dormir. Esse é um projeto divertido pra mim.

AW: Isso é hilário porque uma das minhas outras escritoras, Amanda, queria que eu te perguntasse sobre potenciais figurinos para a turnê se eu tivesse tempo para perguntar, e você acabou de responder essa questão pra ela.

AL: Sempre tem que haver algo novo! Eu tenho que encarar a internet e vê-los falando tipo, ‘ela usou a mesma coisa na última vez!’. Não posso fazer isso. Preciso ser bacana e descolada, mas a minha inspiração pra essa turnê agora é uma nova reviravolta na história da banda, caso isso faça sentido. Então vai ser legal ser capaz de passar pelas coisas antigas que eu já usei antes e meio que mudá-las e, talvez, misturá-las e combiná-las. Vai ter isso junto com coisas novas, então, sim! Sempre há o elemento figurino, e a parte visual da coisa toda, que eu gosto bastante. Aí! Você ganhou sua pergunta bônus!

AW: Obrigado! Foi incrível! Obrigado por reservar esse tempinho para falar conosco hoje.

AL: Obrigada!

Tradução ALBR

- Copyright © Deusas do Rock -