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Feita pelo fã Guh Siqueira, confira abaixo mais uma review de Colours In The Dark:



 A capa. Muitas cores. Influências de Dali. Mulher capeta de 'A Paixão de Cristo'. Poderia ter ficado melhor. Mesmo assim curti.
Aqui estamos nós em 2013 com o terceiro álbum de estúdio de Tarja. Talvez seja desnecessário recordar que se trata de uma ex-Nightwish (Não só os amantes da boa música, mas os amantes de histórias dramáticas deviam se lembrar facilmente desses nomes *risos*), porém, convenhamos que pelo sucesso na primeira metade da década de 2000 e a música sensacional que fizeram juntos deixará menos chateados os fãs mais chitas que sabem que seus nomes sempre estarão próximos, mesmo depois de quase oito anos de separação. Seguindo em carreira solo desde 2006, seu terceiro álbum de estúdio está marcado para ser lançado no dia 22 de agosto. Entretanto, a finlandesa que por uma má sorte (?) já experimentada anteriormente, teve o álbum vazado na rede nos últimos dias.  E eu sendo um fã exemplar obviamente já ouvi. E muitas vezes, diga-se de passagem.
Devo dizer primeiramente que "Colours in the Dark" me surpreendeu de cara ao ouvi-lo por um motivo: Esperava muito mais peso. Quem está ligado na carreira de Tarja e teve a oportunidade de ouvir o DVD "Act I: Live in Rosario" lançado no ano passado deve concordar. Mas por hora concluo que este DVD foi de  uma intenção bastante experimental. Em contrapartida, as ousadias vocais, firulas e todo tipo de breguice e "meu Deus que foda" testada no DVD aparecem de forma muito mais bem vinda neste disco. Falando nele, vamos a obra:

     "Victim Of Ritual" - A primeira faixa do álbum começa com uma espécie de marcha acompanhada por um instrumento de sopro que não sei o nome (ok, todos são flautas), que li por aí dizerem se tratar de uma parada chamada "bolero de ravel". Ok se você também não sabe muito bem do que se trata. A voz de Tarja chega imponente e misteriosa, se juntando as guitarras no refrão que como se estivesse segurando por um triz a insanidade repete "hysterical, tragical", "Cynical, critical", te deixando louco pra se jogar de vez nessa coisa deliciosa. Os fãs provavelmente estão conscientes das mudanças que a voz de Tarja sofreu ao longo da carreira. Recentemente, sua voz tem adquirido uma cor meio que "fugitiva de hospital psiquiátrico", e nessas palavras ela usa isso de uma maneira extraordinária. Essa molier sabe dos efeitos que a voz dela causa. Ela não é mole não. Eu adoraria ter conhecimento musical suficiente pra explicar os motivos da voz dela ter mudado tanto durante todo esse tempo. Alguns poderiam dizer que em sua discografia desde o Nightwish se trata de no mínimo quatro cantoras diferentes. Mas eu não tenho. Por fim, a música cai num instrumental hipnótico que mantem o clima construído na música e volta outra vez no refrão. Resultado: Sim, essa é single. Seu clipe inclusive já está disponível na rede. E eu não vou postá-lo aqui porque o clipe só confirma mais uma vez que Tarja não atua bem (embora eu já tenha assistido um episódio de uma parada que ela participou na Finlândia que até achei fino). É uma cavalona que fica meio perdida quando tem que cantar e atuar ao mesmo tempo, começa a levantar os braços e fazer umas coisas sem nexo (finge de morta). Enfim, presença de palco e coisas do tipo nunca foi o forte dela. Maaas.. o clipe pelo menos serve para nos divertir vendo ela lutar com os comensais da morte jogando pó colorido neles e explicar um pouco o sentido da letra. Por mais trevoso, gótico e from hell que insinue a coisa, ela parece apenas querer abordar o cotidiano e seu poder de nos ritualizar num dia-a-dia sem emoção, estressante e repetitivo. Sei que está gigantesco mas tenho uma última coisa a dizer sobre essa faixa. "Victim Of Ritual" traz uma "inovação" nesse meio do metal sinfônico. A ousadia dessa música provavelmente foi encorajada por "Anteroom of Death" do álbum anterior. Eu acho importante chamar a atenção para essa experimentação além do comum no metal sinfônico que vem ganhando força e nos lembra a música peculiar dos suecos do Diablo Swing Orchestra. Talvez esteja vindo pela frente uma nova milésima subdivisão no metal. Aguardemos.
    "500 Letters" - É levemente pegajosa e acho a grande candidata a também vir a ser single. Possui um solo de guitarra curto mas bastante significativo. Nos últimos segundos Tarja passeia num vocalize pelas vogais "I" e "A" do jeito que só ela sabe fazer. Eu gosto. Não vou me atrever a dizer nada sobre a letra porque não sei inglês e como havia dito o álbum vazou, conseguem entender? "Victim Of Ritual" só vazou primeiro. Vamos ter que esperar. rç
    "Lucid Dreamer" - Se trata da faixa gospel do álbum. Nela pode-se ouvir a palavra "gloria". Brincadeiras a parte, essa é uma das tentativas do disco de produzir clássicos, hinos do rock. Eu consigo imaginá-la junto com outras sendo tocadas em grandes festivais de música, e todos aqueles braços pra cima balançando no louvor. No meio da canção entramos numa viagem que me fez lembrar algumas coisas que o Pink Floyd faz. É boa, muito boa. Nessa canção também podemos ouvir os gritos de Naomi, a bebê filha de Tarja fazendo seu primeiro feat. com a mãe. Oremos que a pirralha tenha uma grande voz e dê continuidade aos projetos da nossa Deusa Tarjes para todo o sempre, amém.
    "Never Enough" - Essa é a pão com o ovo do disco. Tem bons riffs e no final fica muito pesada. As guitarras, toda aquela sujeira no fim me lembrou coisas que ouço no metal industrial. Era o tipo de coisa que estava imaginando ouvir no disco inteiro. Ela é toda um grude. Porém esse tipo não funciona mais comigo de tão pegajoso que é. Possui uma pausa num vocalize muito cute (No Act I foi ainda mais cute essa parte). É uma boa música, foi bem escolhida para single, mas pra mim é a mais fraca.
    "Mystique Voyage" - Taí. Essa vai levar o primeiro selo de ouro. É majestosa, é perfeita para a voz dela. Nesse momento as dúvidas que se tinham quanto ao talento de Tarja para compor músicas ficaram silenciosas. Ainda que não tenhamos os créditos oficiais, Tarja já revelou que escreveu todas as canções do álbum. Tudo bem que ela ainda recebe ajuda de alguns compositores, mas para quem veio de nove anos em uma banda sem nunca ter participado das composições por conta do talento ofuscante do nosso mestre Tuomas Holopainen (sim, fui irônico e não, não mesmo, o cara é foda e eu o amo), ela está deslumbrante. No "My Winter Storm", seu primeiro álbum solo de rock, temos nada menos do que nomes como o do compositor de trilhas sonoras vencedor do Oscar, Hans Zimmer contido no encarte. No segundo álbum a lista de ajudantes diminui, mas agora como produtora do álbum, Tarja adquire a tão sonhada liberdade musical e brilha, brilha muito. A música realmente é uma viagem. Como disse, é exclusivamente feita sob medida para sua voz. A escuridão, o peso e o mistério foi esculpido cuidadosamente. O toque de sabedoria, de quem tem influência divina tão forte que sabe de coisas que nunca ousaríamos a conhecer. A velha sensação de carinho materno, está tudo aqui. É uma suave canção que cresce, ferve e transborda em belíssimas orquestrações. É simplesmente "Tarja". Essa é a melhor descrição.
    "Darkness" - Todas as canções terminam e se encaixam na seguinte. Agora estamos diante de uma faixa cover. É de Peter Gabriel, um músico britânico que não conhecia e estou com preguiça de conhecer. Embora a versão original seja muito boa. Se inicia com uma generosa programação eletrônica e riffs pesados. Tarja sussurra os primeiros versos calmamente, e em seguida voltamos a loucura de suas ousadias vocais. Ela encarna uma bruxa descontrolada. E então agora ela faz jus a cabeça quadrada que tem e se exibe fazendo Mortícia Addams de TPM. Assim como Anette Olzon em "Scaretale", ela se transforma numa Bellatrix Lestrange (desta vez rouca e com a voz mais escura, ok), triste e renegada por Lord Voldemort, lançando maldições furiosamente e se equilibrando num salto de 30 centímetros. Sim, ela está divando. Você sente o medo na pele. Essa música brinca de te levar a lugares escuros e em seguida a lugares de intensa paz. Tarja canta passagens extremamente tocantes e sensíveis. Para compreender melhor essa canção e a anterior, vale a pena ouvir "Naiad", uma canção bônus pertencente ao segundo álbum que nos fornece alguns flashbacks aqui, ali e mais ali. "Darkness" é excepcional e ao contrário da maioria, me estuporou logo de cara. Não poderia deixar de ficar com o segundo selo de ouro.
    "Deliverance" -  A introdução dela me levou ao Within Temptation. No comecinho lembra coisas deles. No pré-refrão temos novamente brincadeiras nos vocalizes, as vogais se mudam e entram no contraste claro/escuro. Também no pré-refrão temos o que uma vez eu disse que devia ser aclamado como uma das maravilhas do mundo. Os vocalizes da Tarja na vogal "O". Nada mais incrível. São as cores no escuro se manifestando. Belos arranjos de cordas combinados com a bateria, e mais uma saborosa viagem num solo de violoncelo provavelmente, antes de voltar ao refrão na faixa que de certo mais se encaixa no que é esperado dentro do metal sinfônico (nisso inclui Nightwish e seus últimos álbuns, segundo alguns fãs que sentiram tal semelhança). O jeito que ela encerra me remete ao Pink Floyd outra vez. Essa tem sete minutos e meio.
    "Neverlight" - Provavelmente é a mais pesada do álbum. Aqui estamos de volta a mais um hino, e mais mãozinhas chifrudas estendidas nos shows. Nesta música também nos lembramos que Tarja é acompanhada por uma grande banda. Seu consagrado e experiente baterista Mike Terrana é animal demais, quem já assistiu vídeos dele ao vivo sabe. E embora não entenda muito, acho que os outros músicos são de medianos a muito bom. Enfim, "Neverlight" é uma grande música, poderosa.  Galera vai bater cabeça.
    "Until Silence" - Aqui temos uma balada um pouco diferente do que estamos acostumados a ver Tarja fazer. Eu particularmente amei essa canção, essencialmente por ela me lembrar muito "My Heart Will Go On", a famosa música tema do filme Titanic. Isso fez essa música ganhar meu coração. É linda, bem orquestrada e tudo mais. Tarja a interpretou muito bem.
    "Medusa" - Dedilhados se misturam ao sopro de uma flauta/gaita/seilá. É lindo. As guitarras e baterias oscilam de susto indo e voltando entre os vocais de Tarja ao fundo na música. Esses vocais dão a canção um clima fantasioso, mitológico. Você é capaz de ouvir Medusa cantando, capaz de enxergar sua voz. Tarja é uma sereia. Sabemos disso a um tempo já. Essa música tem a cor do fundo do mar, dos seus segredos. Uma das mais belas do álbum, ela leva o último selo de ouro. Quando a voz bela e grave do americano Justin Furstenfeld chega dando início ao dueto, a canção duplica sua beleza. Tarja te faz caminhar no ar com ela, as guitarras tem seu lugar embutido e guardado a sete chaves na canção, é tudo inacreditável. "Medusa", assim como "Crimson Deep" no álbum anterior (a melhor música de sua carreira), encerra o álbum te deixando com os olhos arregalados por ter sido exposto há uma beleza atemporal. Não tem mais jeito, você já está viciado e apaixonado por "Colours in the Dark".


São dez músicas, e muitas delas são longas. Mais longas do que o normal em sua carreira solo. Tarja ousou em instrumentais experimentais, em sonoridades que compõe um "ah sim, me lembro... estou ouvindo música, e é um disco de rock, olhe". É quase como uma trilha sonora ás vezes, mas uma trilha sonora de um filme de fantasia, ação, terror e drama ao mesmo tempo. É diferente do que ela tentou fazer no "My Winter Storm". Só que igualmente grandioso. Voltando a Tarja, Gostaria ás vezes de estar ouvindo-a pela primeira vez novamente para me surpreender com todo seu poder vocal. Claro, ainda a amo, mas sei o quanto é assustador ver pela primeira vez do que ela é capaz. E eu já conheço sua voz. Já me é muito íntima. Vale ressaltar que nesse álbum Tarja terá que ter um cuiado m-o-n-s-t-r-u-o-s-o para não exagerar ao vivo. E nós sabemos que ela tem essa tendência e que pode acabar deixando tudo chato. Ela terá que controlar e segurar as rédias desse vocal poderoso que tem, já que seria audacioso esquecer que no momento o Nightwish tem Floor Jansen nos vocais, e a mulher que vem sendo aclamada por fãs novos e antigos da banda tem um segundo nome: Interpretação. Tarja pode coisas que ela não sonha, mas Floor faz magicalmente bem o que sua técnica lhe permite. Mas indo além da história de competição com Nightwish ou outros grandes nomes do metal sinfônico, Tarja em "Colours in the Dark" nos mostra porque estamos diante de um álbum não só de uma boa cantora, e não só de uma cantora lírica qualquer que se atraveu e pôs a a cara no heavy metal. Estamos diante de uma das vozes mais peculiares já escutadas, da voz que não devemos esperar a morte de sua dona chegar para admitir o caráter simbólico e de extrema importância no que se diz respeito a mulheres no rock. Estamos diantes de mais um grandioso álbum da rainha do metal. Sim, sou puxa saco Tarjete cricri mesmo. Achou ruim, DA NE MIM. Zuei zuei, na humildade, vamo curtir essa obra prima. E claro, começar as orações e acender as velas no cemitério para que a turnê brasileira seja bem longa. Nós, fãs, sabemos o quanto Tarja merece o sucesso e o reconhecimento pelo seu trabalho, já que uma de suas maiores qualidades é seu profissionalismo (Lê-se não some por 4, 5 ou 6 anos). Ela tá aí sempre. Por nós. E nós, sua tempestade de inverno, sempre estaremos aqui. *chorei* Ah bão, é isso aí, Tarjes. Bota pra quebrar. (:



 - Essa nota se expressa apenas sobre minha opinião grandiosa. Ela pode ser duvidosa ás vezes. Aceito críticas e tentativas de me corrigir, galeres. Sem palavra1m ok? :D



- Desde já, obrigado.

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