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"Em 2012, eu tomei uma decisão: dedicaria minha carreira musical ao heavy metal sinfônico. Juntaria duas coisas que estão na minha alma desde sempre: a música erudita e o heavy metal. 4 anos depois, além da Eve Desire, sou vocalista da Ever Dream e tecladista da Runaway Girls (ambas bandas cover, sendo a Runaway uma female band), Maestrina do Madrigal Ever Dream e do Coral da Asbac – Banco Central de São Paulo, professora de canto lírico com ênfase em rock, Diretora e Sócia do Conservatório Musical Ever Dream. Esposa do Cappia e Mãe da Luna. Rock é o nosso meio de vida, nossa subsistência, nossa alma. E a Eve Desire foi o primeiro passo.
Após 1 ano tocando como Nightwish Cover, fizemos uma faixa demo. Cappia fez uma harmonia, eu fiz melodia e letra, gravamos num estúdio de uma amiga, e postamos no soundcloud. Depois, recebemos pedido de lançamento do clip pela Rádio UOL, gravamos o clip correndo para atender o prazo (num feriado de carnaval com uma câmera e forrando o estúdio de preto para dar conta), sorte que o baixista da época sabia editar vídeo (valeu Vini!!) e mandamos.
Vitruvia bateu 4 mil views em 24 horas.



Começavam os contatos de produtores. Até que chegamos no nosso produtor:  Thiago Bianchi. Engravidei e não dava para cantar – a Luna acabou com o meu apoio vocal, rsrsrs! Nasceu Luna, corre atrás para voltar a velha forma vocal. E finalmente, 3 anos e meio depois, começam as gravações do debut álbum da Eve Desire.
Conto de fadas? Não mesmo.


Não sei quantas formações a banda teve. Até roubaram nossa caixa de bateria de dentro do nosso estúdio. Problemas de diversas esferas com integrantes: pessoal, profissional, idéias que não se batiam. Amizades, inimizades. Interpretações erradas de todos os lados, fofocas, discórdia. Gente que saiu porque não queria tocar profissionalmente, gente que não tinha disponibilidade de tempo para ensaiar (embora a gente sempre avise antes que a proposta sempre foi de ser banda profissional).



Esgotados e mesmo sem cash, resolvemos contratar músicos para finalizar as composições (até porque assinamos com o Thiago Bianchi em 2014). Fechamos um bom time de músicos e em 5 meses acabamos todas as composições e arranjos básicos (pessoas incríveis, competentes, músicos de primeira linha, amigos de jornada). Agora o produtor está “produzindo”, fechando as prés, e finalmente se iniciam as gravações. E a Eve Desire Oficial, que fará a tour de lançamento e tudo mais, está pronta. O que vem depois? Não faço ideia. Tenho um plano de lançamento, mas o acaso há de aparecer, surpreendendo e assustando, os dois lados da moeda – como sempre.


Ainda falta um caminho – gravação – lançamento – ensaios para os shows. Mas grandes coisas virão. Por enquanto, só posso contar uma: estamos no Tributo aos 25 anos de carreira do Edu Falaschi (e tem mais!).
Mas essas linhas não são para contar a bio da Eve. São para dizer para você, que tem banda de heavy metal ou outro estilo, que não desista. Se esse é o seu legado, aquilo que você quer perpetuar, não desista.


Se eu pudesse resumir o que aprendi até aqui, diria, em tópicos (porque todo mundo gosta de tópicos). Eles não estão em ordem de importância.

1 – Não se importe com o que dizem de você. Fofoca, rede social desenfreada que desune as pessoas, interpretações contrárias, enfim. Só quem sabe as suas razões é você. E na sociedade atual, a verdade é um conceito relativo que todo mundo acha que tem várias interpretações (o que eu particularmente discordo).
2 – Ter uma banda é administrar interesses, conflitos. Ceda sempre que for necessário. Não espere que os outros vivam o seu sonho. Por mais que você encontre músicos que abracem o projeto, o projeto (e o sonho), continuará sendo seu. Seja resiliente.
3 – Não tenha pressa. Como diz o ditado, tudo acontece na hora certa. A diferença é que você não pode desistir. Surte, xingue, reclame para as paredes o quanto você acha que não está certo, o quanto está demorando demais. Mas se você trabalha honestamente, a banda vai virar. Todo trabalho feito honestamente rende frutos.
4 – Você não precisa puxar saco ou perder seus princípios. O Universo sempre te entrega aquilo que é seu, e conhecer as pessoas certas será uma consequência seu trabalho.
5 – Uma banda é uma empresa. Trate-a como tal.
6 – Você vai gastar muito dinheiro. E talvez o retorno, ao menos o imediato, não será dinheiro. Ela vai funcionar para abrir outras portas. Você vai tocar de graça. Vai tocar em palco ruim, em palco bom (mas tive a oportunidade de ver meu atual professor, André Matos (esse mesmo que você está pensando), cantando num palco muito humilde semana passada. Pense sobre isso). Enfim. Estamos no Brasil e os porquês dessas situações dão uma discussão sem fim e não cabe aqui colocar. Mas aceite o sistema, pois caso contrário, você não vai tocar. E sem tocar, sua banda não existe.
7 – Não busque a fama. Ela não está ao seu controle. Mas está ao seu alcance se você trabalhar bem.
8 – Não prenda sua banda nos integrantes. Cada um que passar, vai deixar algo de bom e pode deixar algo de ruim também. Crie uma música que seja além das pessoas que a tocam.  Pressupondo que a composição é do dono da banda, busque tirar de cada um que passa uma coisa legal, mas a essência do som é de seu sonhador/idealizador. Novos integrantes virão, e o show vai continuar. Não é só a velocidade de informação que existe nesse mundo que vivemos. É a velocidade de interesses e prioridades também. Estamos num mundo sazonal. Aceite. A grande realidade é que você não tem como saber se deu sorte e encontrou alguém que vai ficar muito tempo, talvez uma vida junto com você, ou se é alguém que vai cumprir parte do trabalho e vai seguir outro rumo. Agradeça, seja honesto, cobre o que tem que cobrar, faça o que tem que fazer, e não leve tudo para o lado pessoal. Se proteja. Seja justo. E em frente!
9 – Estude técnica sempre, é fundamental para que você se entregue ao som, e também penso que é uma questão de respeito para com seu público. Mas faça música.
10 – Faça a sua parte.
Eu não sou ninguém, estou longe de saber tudo, e a cada dia aprendo muito. Depois que me casei, tornei mãe, entrei na casa dos 30, quase entrei em depressão achando que nada dava certo e enfartei de tanto sentir raiva, acalmei a mente, respirei, tomei floral e me deparei com a vida que eu sempre quis (que não deixa de ser cheia de percalços, problemas, estress, e tudo mais que você imaginar, mas é a carreira que escolhi), eu resolvi absorver a vida e filtrar. Mas espero que dividir minha experiência possa ajudar muitos músicos que sonham a não desistiram, como tantos talentos que já vi desistirem diante de tantas dificuldades).

Tenho meus princípios sim. E justiça é uma palavra que me representa. Sou mãe, quero que minha filha saiba muito bem o que é ser justa e lute por justiça. Talvez por isso eu tenha feito Direito, além de Música. 
Fecho esse texto com a frase de uma música, que não é do heavy metal, mas simboliza o que aprendi:


“When tomorrow comes I'll be on my own
Feeling frightened of the things that I don't know
When tomorrow comes, tomorrow comes
Tomorrow comes

And though the road is long, I'll look up to the sky
And in the dark I found, lost hope that I won't fly
And I sing along, I sing along”.

(Flashlight/ Jessie J.)

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